segunda-feira, 26 de abril de 2010

Síndromes ansiosas - um vilão do nosso tempo?

Vivemos numa sociedade na qual a maioria das pessoas acabam naturalizando o sentimento de ansiedade e não percebem o mal que fazem a si mesmas. É importante saber diferenciar uma reação ansiosa de um estado ansioso. Conhecer os sintomas e estar atento também é fundamental, pois a ansiedade pode desencadear outros sintomas e acabar virando uma bola de neve, resultando em algo de maior gravidade. Além disso, dificulta que a pessoa viva a vida plenamente. O sentimento vivido pela ansiedade é de angustia, nervosismo, preocupação e irritação, podendo ocasionar também insônia, dificuldades de relaxar, de concentração e irritação em excesso. O corpo também sinaliza que algo não está bem, pois ocorrem dores de cabeça, tontura e dores musculares. A partir do momento em que se torna algo excessivo, é caracterizado como ansiedade generalizada, que pode levar a crises de pânico.
A síndrome do pânico caracteriza-se pela ocorrência inesperada de ataques de medo intenso de forma recorrente. Iniciam com um período de 5 a 10 minutos e vão aumentando de acordo com o desenvolvimento do quadro. Pode ou não ser acompanhado de agorafobia, que é o medo de ficar só em lugares públicos; este último tipo de fobia é a mais incapacitante, pois interfere na vida social e no desempenho escolar ou profissional da pessoa. Ocorre em ambos os sexos, em sua maioria no sexo feminino e costuma ocorrer no final da adolescência e na fase adulta, mas há indícios que os pacientes tenham passado também por experiências ansiosas durante a infância.
Os ataques de pânico podem ocorrer a qualquer momento e podem ou não estar associados a algum estímulo identificável, mas não necessariamente são apresentados dessa forma, podem estar relacionados à excitação, esforço físico ou trauma emocional moderado. Vale ressaltar também que esse transtorno, geralmente vem acompanhado de outros transtornos, como por exemplo, o transtorno depressivo.
Os sintomas mentais apresentados costumam ser de medo extremo e sensação de morte ou tragédia eminente; e como a causa é desconhecida pelo paciente, podem sentir-se confusos e com problemas de concentração. Quanto aos sintomas físicos, ocorre taquicardia, palpitações, formigamento, náuseas, falta de ar e sudorese. Alguns pacientes chegam a experimentar algum grau de despersonalização, no qual dizem sentir uma sensação da cabeça ficar leve, sentem o corpo estranho e um auto estranhamento.
Até o momento venho levantando os sinais apresentados pelo transtorno, mas o mais importante é o respeito pelo que o outro vivencia e o cuidado que se deve ter por esse sentimento. Já escutei pessoas dizendo que não tem tempo para passar por isso, como se pudéssemos prever tal acontecimento. É necessário respeitar o momento de cada um, não vendo como algo tolo ou como um fingimento. A maioria da sociedade só cuida do que acontece com o corpo, não se preocupando com o sofrimento da mente. Vamos cuidar de ambos
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Fábula da convivência

Há milhões de anos, durante uma era glacial, quando parte do nosso planeta esteve coberto por grandes camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio e morreram, indefesos, por não se adaptarem às condições. Foi então que uma grande quantidade de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver começaram a se unir e juntar-se mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam uns aos outros, aqueciam-se mutuamente, enfrentando por mais tempo aquele frio rigoroso. Porém - vida ingrata - os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital. Questão de vida ou morte. E afastaram-se, feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes. Doíam muito... Mas essa não foi a melhor solução. Afastados, separados, logo começaram morrer de frio, congelados. Os que não morreram voltaram a se aproximar pouco a pouco, com jeito, com cuidado, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver sem magoar, sem causar danos e dores uns nos outros. Assim, suportaram-se, resistindo à longa era glacial. Sobreviveram.
  • É fácil trocar palavras. Difícil é interpretar o silêncio;
  • É fácil caminhar lado a lado. Difícil é saber como se encontrar;
  • É fácil beijar o rosto. Difícil é chegar ao coração;
  • É fácil apertar as mãos. Difícil é reter o calor;
  • É fácil conviver com pessoas; Difícil é formar uma equipe.

(Autor desconhecido)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Adolescência


Ao falar sobre a adolescência para um público adulto, gosto de pedir que fechem os olhos e façam uma viagem ao passado. Voltem no tempo e recordem os momentos vividos, as pessoas que fizeram parte de suas vidas; que lembrem o que gostavam de fazer, o que sentiam, a música que tocava na época, etc. Na maioria das vezes, existe um grande número de adultos que percebem o quanto deixaram para trás fatos dessa fase da vida. Percebem as diferenças existentes entre as épocas vividas e muitas vezes, essa percepção do adulto já facilita o diálogo e a compreensão com o adolescente.
Mas o que é a adolescência? Adolescência é a transição entre a infância e a fase adulta. Quando começa e quando termina ninguém sabe ao certo, pois existe uma variação; e de acordo com alguns autores, pode ocorrer entre os 11 e 20 anos de idade aproximadamente. Em nossa cultura, a adolescência acaba sendo tardia, pois se considera que o jovem entre na idade adulta após sua inserção no mercado de trabalho; e também pelo fácil acesso a informação e/ou por questões sócio-econômico-culturais, enfim, não existe um único fator determinante.
Um dado curioso é que a adolescência só passou a existir por volta do século XIX, com a Revolução Industrial; onde a educação foi estendida por mais tempo, visando a preparação para o trabalho. Com isso, o adolescente passou a ficar mais tempo com a família, só saindo de casa para casar.
Outro fator que vale ressaltar, é o pensamento de que todo adolescente passa por “crises”, vivem em “conflito” ou que são um “problema”. É preciso refletir que “crises, problemas e conflitos” são esses, tendo em vista que nem todos os jovens são iguais.
E compreender também que este é um momento em que ele passa por uma série de mudanças, inclusive hormonais, no qual seu ritmo biológico é alterado, passando a apresentar mais disposição no turno da noite, o que pode acabar gerando dificuldades no que se refere à aprendizagem.
Diante disso podemos concluir a importância de compreender o que se passa nessa fase para melhor se relacionar com esses jovens que convivemos no dia a dia.

Livro "Uma mente inquieta"

Está semana lembrei de um livro que li a algum tempo atrás, o nome dele é “Uma mente inquieta” da autora Kay R. Jaminson. Este livro relata a vida de uma paciente com o transtorno Bipolar, antigamente conhecido como psicose maníaco depressiva; na verdade, deixou de ter esse nome por não apresentar sintomas psicóticos. Para quem não conhece, esse transtorno apresenta mudanças nos estados maníacos e depressivos. Na maioria das vezes, é diagnosticado erroneamente, pois o quadro de depressão é o que mais chama a atenção. Para quem tem interesse no tema, indico esse livro, pois a autora consegue transmitir um pouco de seu universo e sua forma de lidar com a doença. Mostra sua luta para viver e os dramas relacionados à doença. É claro que a vontade de viver se mostra mais forte dentro dela e com isso é capaz de continuar estudando, trabalhando, enfim, levando a vida como qualquer outra pessoa.
Esse transtorno é de ordem hereditária, no caso da autora, o pai dela apresentava certos episódios de mania. O que ocorre são pólos totalmente opostos, onde de um lado o indivíduo tem crises de mania, onde se sente onipotente, é a estrela da festa, nesses casos, como ocorreu com a autora, algumas pessoas estranharam seu comportamento e outras não, nem chegam a perceber algo errado; nesse pólo pode ocorrer compulsão, onde o dinheiro vai embora, pois a pessoa compra coisas das quais não precisa e/ou pode chegar a pular etapas no simples fato de querer realizar algo.
Já o outro pólo é mais prejudicial (não que o primeiro não seja... é!), pois a pessoa entra num estado de tristeza, melancolia, chegando a uma depressão, nesses casos chegam a ocorrer pensamentos ou atos suicidas.
Dois momentos que me chamaram a atenção no livro foi quando ela contou que estava dando aula de reforço para um aluno cego, ela se questionava de como devia ser difícil estudar naquele estado chegando a comentar com o aluno, quando ele teve a idéia de marcar a próxima aula na biblioteca para deficientes visuais ou algo assim. Com isso, é importante refletir como a dificuldade de qualquer transtorno não está em quem o tem, mas sim em nós que convivemos com o outro e muitas vezes temos a mania horrível de julgar achando que a pessoa não é capaz. O outro momento foi quando ela estava para fazer uma palestra e uma pessoa ficou indignada por ela ter usado o termo loucura no título, e comecei a partir daí pensar o que é a loucura? Realmente esse termo é usado na maioria das vezes de forma pejorativa; uma forma de denegrir o outro; com isso vi a necessidade de mudanças a esse respeito, acredito numa necessidade de esclarecer o que é a doença mental, pois mesmo depois de anos ela continua sendo algo que muitos preferem não pensar ou preferem ignorar que exista.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Para refletir...



" E em vez de insistir no que se perde, é importante ver também o que se cria e encarar o processo como um ciclo eterno de vida e morte, que não é bom, nem mau, apenas é." (Robert M. Pirsig)





O que é psicoterapia e a quem se aplica?

A psicologia é uma ciência que busca compreender a singularidade do ser humano levando em conta as experiências sócio-culturais e a construção por ele feita a partir dessas experiências. Ela divide-se em várias áreas, mas aqui abordarei apenas a área clínica, no qual sua intervenção ocorre através de um conjunto de técnicas e de conhecimentos teóricos usados no trabalho terapêutico.
Essa intervenção é denominada psicoterapia e visa a promoção de saúde, pois auxilia o individuo a encontrar soluções e a melhor compreender questões que incomodem e dificultem o seu dia-a-dia. Essas dificuldades podem se apresentar de diversas formas, através de medo intenso, ansiedade, depressão, agressividade, baixa estima, uso de drogas, dificuldade em se relacionar, dificuldades de aprendizagem, estresse e um sentimento de vazio na vida. O trabalho psicoterapêutico também busca ampliar a consciência através de um trabalho reflexivo e de autoconhecimento, visando mudanças significativas para a pessoa. Dessa forma, percebemos que existem diversas situações nas quais o acompanhamento psicológico se faz necessário.
A abordagem teórica utilizada no meu trabalho está pautada na gestalt terapia, no qual parto de uma visão holística de ser humano, acreditando no potencial humano e em sua autonomia e possibilidade de transformação. O indivíduo é compreendido como um ser total, dotado de corpo e mente, no qual ambos buscam estar em sintonia, buscando auto realizar-se.
Por todos os aspectos citados, vale à pena pensar sobre o significado de normal e patológico; percebendo os dois como algo subjetivo, no qual todos estão sujeitos a passar por algum tipo de situação psicológica, que pode ou não trazer sofrimento para a pessoa. Afinal, corpo e mente andam juntos e na maioria das vezes avisam quando algo não vai bem. Fique atento e não deixe de procurar auxilio quando sentir que essas situações estão atrapalhando sua vida e impedindo de viver novas experiências.