sexta-feira, 29 de abril de 2011

Fenomenologia da existência

Em fevereiro deste ano participei de um workshop que aconteceu no Instituto de Gestalt de São Paulo/SP com o casal Zinker sobre a fenomenologia da existência. Quando recebi o e-mail com a informação sobre o workshop, não sabia bem o que esperar, mas só em saber que seria com Joseph Zinker, um dos meus autores preferidos da Gestalt-terapia, já tinha minha presença confirmada no evento. É claro que depois fui buscar saber qual o conteúdo abordado nesse encontro e foi aí que me deparei com a seguinte frase: “Lembre-se de apenas uma coisa: que é você — ninguém mais — quem determina seu destino e decide a sua sorte. Ninguém pode estar vivo por você e você não pode estar vivo por ninguém mais…” (Cummings, E., 1971). Essa frase me fez ficar mais curiosa sobre como seria esse encontro, afinal percebo muitas pessoas que tem o hábito de responsabilizar outras pessoas por todo o infortúnio que ocorre em suas vidas, mas ainda não sabia bem o que esperar e foi desta forma que participei do encontro, como um pote vazio a ser preenchido de conhecimento.

Não entrarei no conteúdo adquirido no workshop, mas sim em alguns pontos abordados que acredito serem importantes para a vida. E um dos pontos abordados foi que a maioria das pessoas vive como se fosse viver para sempre, não percebem que seu jeito de levar a vida às vezes não está em sintonia com o que é saudável, parecem buscar incessantemente uma maneira de suprir esse vazio que assola o ser, seja através do excesso ou através da falta. É importante que nosso corpo e mente esteja em sintonia, mas quando não estão, nosso corpo tem o hábito inteligente de nos avisar, e então o fisiológico atua, desencadeando uma dor de cabeça, problemas na pele, dores de estomago, entre outros.

Outro ponto abordado que muito me fez refletir foi o mecanismo de defesa mais utilizado pelas pessoas, que é o mecanismo de negação; tal mecanismo serve para nos proteger da angústia gerada por um conflito qualquer, nos fazendo negar o fato que existe um problema. Como exemplo, Zinker ressaltou o fato de termos dificuldade em aceitar morte, já é uma forma de nos afastarmos, de não entrarmos em contato com a vida. Muitas pessoas tem o hábito de responsabilizar o outro por suas ações, não percebem que tem o poder de decisão sobre suas vidas. Zinker inclusive aborda os rituais religiosos como uma forma de reforçar essa negação, a partir do momento que colocamos nossas vidas nas mãos de Deus. A principio fiquei meio inquieta com sua colocação, afinal estamos falando de religião. E cabe colocar que não tenho nada contra nenhuma religião, acredito que seja até muito saudável e que devemos sim acreditar em Deus, mas não podemos e nem temos o direito de intervir nesse quesito. Mas após refletir sobre o assunto, percebi que sua fala tem certo sentido, afinal como já coloquei, as pessoas tem o hábito de responsabilizar o outro por suas ações e de certa forma isso começa a partir do momento em que colocamos nas mãos de Deus todo qualquer desejo para as nossas vidas. O termo: “Se Deus quiser” é muito usado, mas me pergunto e “Se eu quiser?” quase não se escuta.

Precisamos compreender que nossa vida tem prazo de validade e a partir do momento em que negamos a morte, também estamos negando a vida, pois não estamos dando o devido valor a ela. Precisamos compreender que não temos o controle sobre a vida e infelizmente muitos acreditam que controlam suas vidas, lamento informar que o controle não existe, ou como diz Judith Viorst, os controles são imperfeitos.

Meu intuito não foi o de me aprofundar nesses temas, mas sim de lançar a semente e levantar uma reflexão a respeito de como estamos levando nossas vidas.

Qual é o seu momento fascinante?

Em um dos cursos que fiz, me pediram para lembrar um momento fascinante da minha vida; percebi que a minha primeira reação foi a de pensar:“como assim?!” Não acreditava que pudesse ter algum momento que fosse tão fascinante a ponto de compartilhá-lo no grupo. Mesmo assim, resolvi fazer mentalmente uma retrospectiva rápida de toda a minha vida e, emocionadamente, cheguei à conclusão que o simples fato de estar naquele grupo já era um momento fascinante para mim. Percebi que cada encontro vivido com o outro foi um momento especial; afinal me trouxeram uma gama de emoções e aprendizados e cresci com todos eles. E crescer é fascinante!

Ao longo da minha vida também obtive pequenas, médias e grandes vitórias e essas vitórias me incentivam até hoje a trilhar meus sonhos. Lembrando que o tamanho dos meus sonhos sou eu quem determina, ninguém tem o poder de determiná-los. Então posso dizer que uma grande vitória para mim pode ser o simples fato de saber que você está lendo esse texto neste momento, pois compartilhar algo com alguém é fascinante!

E com o intuito de compartilhar é que faço uma reflexão sobre como estamos levando nossas vidas. Percebi que em um curto espaço de tempo tive a oportunidade de sentir, vivenciar e experimentar novas sensações a respeito de fatos que já passaram pela minha vida; pude resgatar histórias e atuar criativamente em todas elas. Com isso, percebi alguns recursos meus que haviam sido deixados de lado, esquecidos com o passar do tempo; e como tais recursos são importantíssimos para ultrapassar as barreiras que nós mesmos colocamos em nossas vidas.

Sem querer parecer piegas, precisamos valorizar cada momento que vivemos e buscar tirar de cada um deles, seja bom ou ruim, algum aprendizado. Muitas pessoas só valorizam os momentos felizes da vida e não percebem que os momentos difíceis também são de grande valia para o desenvolvimento do ser e é normalmente na crise que obtemos as melhores soluções para a vida.

Com isso, convido você, a lembrar de seus momentos fascinantes e a pensar como eles contribuíram para a sua vida; pense também nos valores que acompanharam cada momento e principalmente como esses momentos podem auxiliá-lo a alcançar seus sonhos e desejos. Espero que esse texto seja fonte de inspiração para você e que lhe possibilite viver muitos momentos fascinantes!

Bem me quer, mal me quer – Como anda seu relacionamento?

Eu já vinha com o desejo de escrever um texto sobre relacionamentos e acabei me recordando de uma lembrança da infância, na qual eu me via com uma margarida nas mãos, pensando em um menino da escola e tirando pétala por pétala e cantando “bem me quer, mal me quer, bem me quer, mal me quer” como se o simples acaso determinasse como seria meu “relacionamento”. Ainda bem que eu cresci e aprendi que o acaso não constrói e muito menos mantém um relacionamento. Lembrando ainda da infância me recordo da influência dos contos de fadas na minha vida; eles me fizeram acreditar que apareceria um lindo príncipe encantado num cavalo branco... Demorei até perceber que não era bem assim que as coisas funcionavam. Fico me perguntando quantas meninas/mulheres não tiveram um pensamento semelhante ao meu um dia?

De volta para a realidade, percebo que esse tema continua sendo uma incógnita para muitas pessoas, afinal falar de relacionamentos é algo complexo; ainda mais pensando em toda a herança e todas as cobranças que recebemos durante nosso desenvolvimento; criamos uma infinidade de expectativas, mas será que o parceiro acompanha os mesmos desejos? Difícil dizer, não é?

Um dos erros mais comuns é buscar alguém para completar a vida, afinal, qual a finalidade de buscar alguém que nos complete se já somos seres completos? Muitas pessoas se esquecem disso e vivem numa busca desenfreada de um parceiro, deixando de aproveitar a própria vida, pois só vêem a beleza da vida apenas quando estão acompanhados de alguém. É preciso lembrar que para atrair alguém, precisamos nos sentir atraentes, não apenas no sentido físico, mas principalmente na segurança e na maneira de ser. Desenvolver a autoestima é fundamental!

Outro ponto que me chama a atenção é a frase que muitos conhecem “Atrás de um grande homem, existe sempre uma grande mulher.” Essa frase é um perigo, pois coloca a mulher como grande responsável pelo sucesso ou pelo fracasso do relacionamento; e para que um relacionamento “aconteça” precisa haver duas pessoas dispostas para tal e nem sempre isso acontece. Para que haja o crescimento de ambos, é importante que haja maturidade, confiança e disponibilidade; esses três ingredientes são fundamentais para o sucesso.

Como isso, percebemos que não existe uma fórmula mágica que torne o relacionamento perfeito; até porque, não existe perfeição. Desentendimentos fazem parte de qualquer relação, mas o mais importante é garantir que o respeito esteja sempre presente, pois é ele que torna qualquer contato com o outro possível.

Outro fator que considero importante em um relacionamento é o diálogo, sem ele a relação fica insustentável; é importante saber comunicar adequadamente o que se deseja e mais ainda, saber ouvir. Muitos casais tem dificuldades nessas áreas e é isso que vai desgastando cada vez mais a relação. É preciso perceber que temos maneiras de pensar e viver diferentes do outro e muitas vezes desejamos que nosso parceiro haja da forma que acreditamos ser correta. Mas qual é a forma realmente correta para uma relação? Gosto de pensar que cada um sabe a sua.

Concluindo, gostaria de dizer que para viver um grande amor é necessário estar atento ao outro e principalmente a si mesmo. Lembrar que temos sonhos e desejos e que em algum momento dessa trajetória amorosa, nosso parceiro não acompanha mais, ambos mudaram e aquele casal de antes já não existe mais, ficou no passado. Nesse momento é importante pensarmos no que desejamos para nossas vidas; todos temos escolhas a fazer, mas você sabe qual é a sua?

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Esclarecimentos sobre o exercício da profissão de psicólogo

Por conta do caso da falsa psicóloga presa na última quarta-feira (dia 27) por policiais civis na Zona Sul do Rio de Janeiro, o Conselho Regional de Psicologia (CRP-RJ) vem a público prestar esclarecimentos à população sobre o exercício regular da profissão.

Para exercer legalmente a profissão de psicólogo, é preciso que o profissional tenha concluído graduação em psicologia e possua inscrição no Conselho Regional de Psicologia da jurisdição onde atua. No caso do estado do Rio de Janeiro, o responsável é o CRP-RJ, também conhecido como CRP-05 (referente à quinta região, leia abaixo a lista com todos os regionais).

Caso mude seu endereço profissional para um estado diferente do de origem, o psicólogo registrado em um regional deve procurar o CRP de seu novo local de trabalho em até 90 dias para solicitar inscrição secundária. Isso vale, por exemplo, para um psicólogo registrado que venha atuar no Rio de Janeiro. A inscrição secundária não tem qualquer custo para o profissional.

Existe uma diferença importante entre o exercício irregular e o exercício ilegal da profissão de psicólogo. O exercício irregular se refere a:

  • psicólogos inscritos em um Regional que atuam em local de jurisdição de outro sem a transferência do registro;
  • psicólogos que são inscritos em um regional e atuam e outro simultaneamente (por mais de 90 dias) sem inscrição secundária;
  • profissionais inadimplentes com o Conselho;
  • profissionais que não apresentam o diploma dentro do prazo estabelecido pelo Sistema Conselhos.

O exercício ilegal, por outro lado, é passível de denúncia no Ministério Público, e compreende os seguintes casos:

  • pessoas que se dizem psicólogas sem a devida formação e sem registro no Conselho;
  • pessoas que concluíram a graduação em psicologia e não fizeram a inscrição obrigatória no Conselho Regional da jurisdição onde presta serviços;
  • pessoas que atuam como psicólogo, estando com o registro profissional cancelado, mesmo que tenha formação na área e que seja inscrito no Conselho

Esta última determinação é válida tanto para os casos em que o registro foi cancelado por determinação do CRP quanto para casos em que o próprio profissional solicitou o cancelamento. O CRP-RJ lembra que, para cancelar o registro, o psicólogo assina um Termo se comprometendo a não mais exercer a profissão e devolve a sua Carteira de Identidade Profissional. Neste caso, o profissional só pode voltar a atuar na área se for deferida a reativação de seu registro.

O CRP-RJ aproveita o momento para lembrar que é direito de qualquer cidadão solicitar a apresentação da Carteira de Identidade Profissional do psicólogo, e que nosso site disponibiliza link para consulta da situação dos profissionais inscritos (http://www.crprj.org.br/psis-cadastrados/).

A consulta pode ser feita das seguintes formas:

  • Colocando o nome completo do profissional;
  • Colocando o primeiro nome do profissional ou parte do nome;
  • Colocando o número de registro. Neste caso, o interessado NÃO deve escrever a sigla da jurisdição (05), mas apenas o número.

Estão habilitados para o exercício da profissão os psicólogos que se encontram com a situação “Ativo Definitivo PF” e “Ativo Provisório PF”.


FONTE: Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O que é coaching?

Algumas pessoas dizem ser uma técnica, outras dizem ser um processo e tem aqueles ainda que dizem ser uma arte. Qual o termo correto? Eu digo que os três estão corretos, afinal o coaching é um processo, baseado em técnicas que visam sair de um estado gerador de conflito ou insatisfação para um estado desejado pelo cliente. E como é um processo relacional, com certeza deve ser percebido como arte.

Vale ressaltar que o profissional que realiza esse trabalho é denominado “coach” e o cliente é chamado de “coachee”; a palavra vem do inglês e significa “treinador”, mas eu diria que o trabalho do coach está mais em facilitar o processo de mudança do coachee do que propriamente em treinar; e como esse é o termo usado no mundo todo, é ele que usarei no decorrer do texto.

Percebo que por ser uma estratégia de trabalho muito divulgada na mídia, as pessoas acabam criando expectativas que às vezes confundem ao invés de ajudar. O coaching é um trabalho estruturado, que busca através de um olhar sistêmico aumentar e desenvolver as habilidades que o coachee já tem; além disso, busca remover as barreiras mentais que dificultam o próprio caminhar do coachee. Essas barreiras acabam fazendo com que o coachee repita velhos padrões mentais, dificultando assim sua mudança, ou como costumo dizer, a alcançar o topo da escada.

Outra confusão muito comum é acreditar que o coaching esteja ligado apenas à área profissional. Como eu falei anteriormente, o olhar sobre esse trabalho é um olhar sistêmico, ou seja, percebe-se o coachee de uma maneira mais integrada, considerando o contexto e as relações estabelecidas. O coaching pode ser trabalhado em diversas áreas: pessoal ou de vida, profissional e especificas (vendas, relacionamento, saúde, emagrecimento, auto estima, etc).

O coaching é um processo mais focado na meta, no qual o coachee desenvolve sua intenção, passando a perceber mais claramente o que se deseja de forma mais positiva e efetiva, facilitando assim a realização dos objetivos levantados. No decorrer do processo, o coachee trabalha também outras atitudes (atenção, flexibilidade, visão, missão e ação), tão necessárias para o desenvolvimento e que juntas, são geradoras de mudança.

O coaching é um processo fascinante, que trabalha com todos os recursos que o coachee já tem, mas que em algum momento da vida ou por alguma razão específica, deixou esquecido em alguma parte de seu ser. Participar desse resgate é simplesmente lindo!