sábado, 25 de junho de 2011

Frustração - o que fazer quando algo que desejamos não se realiza?

Quando desejamos algo, criamos expectativas em relação ao nosso objeto de desejo, mas e quando o que esperamos não se realiza? Como lidar com essa situação? Essas perguntas me fizeram refletir sobre o assunto e percebi que algumas pessoas, (para não dizer a maioria) encontram dificuldades em lidar satisfatoriamente com a situação. Estou falando da frustração. Mas o que vem a ser isso? De acordo com o Minidicionário da Língua Portuguesa, é um substantivo feminino, que vem do verbo frustrar e que significa “1. Desiludir, decepcionar. 2. Anular, inutilizar. P. 3. Malograr-se, fracassar.” Percebo como cada vez mais as pessoas se encontram despreparadas emocionalmente para lidar com situações adversas e deixo aqui o meu convite a reflexão.

A sociedade da qual fazemos parte funciona a mil por hora e um número significativo de pessoas buscam fugir de tudo que desagrada, visando apenas a felicidade e a constante satisfação. Em alguns casos, buscam na medicalização - indevida - respostas para suas questões pessoais. Com isso, é importante perceber a diferença de valores que antes eram respeitados e que atualmente encontram-se desvalorizados por muitos, é o caso da educação. A charge abaixo representa bem toda essa mudança.


É na infância, que a criança começa a lidar com a frustração e os pais são fundamentais nesse processo educativo, auxiliando a criança a adquirir um comportamento emocional saudável, transmitindo a esse ser em desenvolvimento o que é essencial, aceitável e adequado para conviver em sociedade. Saber lidar com a frustração nos torna mais aptos a lidar melhor com o outro e com as situações que ocorrem durante a vida e esse processo está em constante desenvolvimento.

Muitos pais confundem educar com criar seus filhos a partir do momento que:

- Fazem tudo o que os filhos pedem com medo de perder seu amor;

- Cedem diante da insistência dos filhos;

- Defendem os filhos mesmos que estejam errados;

- Prometem castigos e não cumprem;

- Fazem pelo filho algo do qual já são capazes de fazer sozinhos;

- Abrem mão de tudo para satisfazer os filhos.

Nesse sentido, é preciso estar atento à forma de contato que se estabelece com o outro e com o meio, não cabe justificar sua maneira de ser, na educação que obteve dos pais. Digo isso, pois é muito comum responsabilizarmos o outro, sem assumirmos nossa cota de responsabilidade.

Não significa que não tendo aprendido a lidar com a frustração enquanto criança, a pessoa esteja impossibilitada de aprender quando chega à idade adulta. Costumo dizer que só paramos de aprender quando morremos, temos a possibilidade de evoluir sempre! Enquanto adultos, como lidar com eventos frustrantes? A frustração se apresenta em vários níveis, de acordo como a pessoa percebe o evento. Vale lembrar que uma pessoa pode tirar de letra e assimilar tranquilamente uma situação, enquanto outra passa pelo mesmo evento e sente muita dificuldade emocional para lidar com a situação.

Existe um ditado popular que diz o seguinte: “Se a vida te oferecer um limão, faça dele uma limonada”. E é mais ou menos assim, você tem o poder de fazer com o seu limão o que quiser. Em vez de ficar se lamentando e dizendo: - Porque isso aconteceu comigo? Pense no que você pode fazer a respeito, que aprendizagem você pode tirar da situação. Existem pessoas que preferem remoer o passado a seguir em frente. Remoer o passado envenena nossa alma, deixa-nos engessados e paralisa nossa vida. Aprenda a colocar o foco na solução em vez de ficar remoendo o problema!

Como anda o seu tempo?

A questão do tempo começou a chamar a minha atenção, a partir do momento que percebi como se tornou constante as pessoas dizerem “Não tenho tempo!”. Fiquei imaginando o que essa pequena frase poderia significar para cada pessoa. Afinal o que é a falta de tempo?

A falta de tempo para alguns pode significar apenas uma necessidade de melhorar a organização diária, para outros pode estar relacionado à dificuldade da pessoa em dizer “não”, ou ainda pode significar uma boa desculpa para não levar um planejamento adiante. Nesse último caso, muitas pessoas usam de forma a não se comprometerem, usando o “Não tenho tempo!” no lugar do “eu não quero!”

É claro que não podemos levar essas justificativas ao pé da letra, existem muitos outros motivos, mas precisamos pensar que o tempo é nosso e devemos organizá-lo da melhor maneira possível, se quisermos melhorar nossa vida.

O primeiro passo é refletir se o tempo gasto é dedicado a você, a outra pessoa ou ambos. Pense no tempo que é dedicado a você e ao outro e se essas tarefas podem ser delegadas a outras pessoas. Percebo que em alguns casos as pessoas se sobrecarregam acreditando que o outro não seja capaz de realizar a tarefa, trazendo para si essa obrigação, mostrando em alguns casos excesso de perfeccionismo.

Uma dica importante é criar uma agenda diária, seja de papel, no computador ou no próprio celular, colocando seus compromissos, priorizando os eventos mais importantes, lembrando-se de deixar um tempo adequado entre um evento e outro, afinal ao organizar sua agenda diária, deve-se pensar que imprevistos podem acontecer.

Ao passar seus compromissos para a agenda, verifique se os eventos são realmente necessários para aquele momento, ou seja, se eles estão alinhados com os seus objetivos no momento. Se estiverem, quais os seus ganhos ao realizá-los? Ao se comprometer com algum evento, é bom que tenha consciência do ganho que ele traz para sua vida.

Lembre-se que é importante ter objetivos bem definidos, pois quanto mais definido ele é, mais chances você tem de organizar e cumprir suas atividades. Por exemplo, é muito comum pessoas que querem perder peso dizerem que não tem tempo para caminhar ou para frequentar uma academia. Mas quando pergunto qual a relevância da prática esportiva em sua vida, não sabem bem o que responder.

Não se cobre muito no início, veja o que é possível realizar e o mais importante: não desista!

Emoções

O estudo das emoções é um tema antigo, Marco Aurélio (120-180 d.C.) escreveu em suas meditações: “Livre da paixão, a mente humana torna-se mais forte”. Os racionalistas da Antiga Grécia acreditavam que, caso não mantivessem as emoções sob controle, os processos mentais superiores seriam prejudicados. Até então podemos observar que a emoção era vista como algo que pudesse enfraquecer o indivíduo ou como algo incontrolável. Já Darwin acreditava que a capacidade de controlar as próprias emoções era necessária para a sobrevivência do Homo Sapiens; e só depois de sua publicação, os psicólogos começaram a considerar importante a comunicação da emoção, pois antes a viam como parte do instinto básico do indivíduo.

No livro O mal estar na civilização, Freud explicou quee transtornos psíquicos são com freqüência resultado de reações emocionais fora de controle; sentimentos sem freio são rápidos na produção de efeitos devastadores. Freud introduziu o conceito de recalque, onde sentimentos muito dolorosos ou incompatíveis com o ideal que temos de nós mesmos são exilados sem maior demora no inconsciente. Mas a energia própria das nossas emoções precisa de escape, se não acaba se manifestando sob forma de perturbações neuróticas ou mesmo físicas.

Ao sentirmos uma emoção intensa, percebemos várias mudanças corporais; incluindo aceleração da respiração e da freqüência cardíaca, secura na boca e garganta, por exemplo; a maioria das mudanças fisiológicas ocorre durante a ativação do setor simpático do SNA quando este se prepara, para situações de emergência; quando a emoção volta ao normal o parassimpático volta ao controle e restitui o estado normal.

Robert Plutchik propôs a existência de oito emoções básicas: medo, surpresa, tristeza, repulsa, raiva, antecipação, alegria e aceitação. Seus ingredientes não são apenas fisiológicos e de comportamento expressivo, mas também conscientes, pois servem como proteção de perigo. Entre elas, citaremos três para servirem de exemplo:

MEDO – é uma emoção adaptativa e em alguns casos pode ser traumática;

RAIVA – pode ser despertada por eventos frustrantes ou que sejam interpretados como intencionais. A depressão também pode alimentar a raiva e embora seja descarregada, causando calma momentânea, não reduz a raiva em longo prazo, ou seja, expressar a raiva traz na realidade mais raiva;

FELICIDADE – quando nos sentimos felizes, nossa percepção do mundo melhora e ficamos mais suscetíveis a ajudar o próximo. Algumas expressões faciais parecem ter significado universal, independente da cultura onde ele é criado; foi visto que um grupo que nunca teve contato com culturas ocidentais conseguiram identificar as emoções representadas por elas. Assim, podemos ver da seguinte maneira: emoções primárias são aquelas compartilhadas pelas pessoas do mundo inteiro e emoções secundárias são aquelas encontradas em uma ou mais culturas, mas não em todas.

As emoções podem ser expressas também de maneira não verbal, através de gestos e expressões faciais. Os gestos podem variar de cultura para cultura; por exemplo: na Grécia a palma da mão aberta é um insulto desde os tempos antigos; na África Ocidental, é um insulto à honra da mãe, já o polegar para cima, na Austrália é um sinal obsceno; no Japão significa o número um.

Embora as culturas partilhem uma linguagem facial universal para as emoções básicas, diferem no como e quanto expressam emoção; confundimos o sorriso como um reflexo emocional, mas na verdade trata-se de um fenômeno social, pois costumamos sorrir somente na presença de outras pessoas e não para um objeto inanimado.

Através de pesquisas realizadas, foi observado que esconder a irritação ou o sofrimento pode levar ao pessimismo e à depressão; geralmente pode chegar a uma taxa de mortalidade até cinco vezes maior, ou seja, dar vazão aos sentimentos não é apenas humano, mas também de importância vital. Mas não vamos pensar que é para sairmos por aí descarregando nossos sentimentos, pois nada em excesso é de natureza positiva. Uma outra maneira de estar saudável com nossas emoções é aprender a ver as coisas sob um ângulo diferente; tem pessoas que tem o hábito de ver de forma negativa todos os eventos que ocorrem na vida, o que é totalmente errôneo.

O controle das emoções de maneira bem sucedida pode ser aprendida de várias maneiras, é o caso dos monges tibetanos. De acordo com a cultura, esse controle pode ser mal visto, como no caso do ocidente que vê de maneira dissimulada; já no oriente, o estado de espírito equilibrado é sinal de saúde física e mental. Resumindo, através da capacidade de controlar as emoções, podemos modificar impulsos negativos, e assim vivermos de maneira mais harmoniosa.



domingo, 5 de junho de 2011

A História de Nós 2, 3, 4, 5, 6 ...

Se você vem acompanhando o blog pode estar se perguntando “Mais um texto sobre relacionamentos?” E eu respondo o seguinte: Quando se trata de relacionamento a dois, nunca conseguimos esgotar o tema. E como esse assunto tem estado muito forte em minha vida ultimamente, seja através de filmes, peças de teatro, textos, enfim, percebi a necessidade de compartilhá-lo com você, pois acredito que nada seja por acaso. Apesar de que, se pararmos para analisar, este acaba sendo um tema padrão na vida de todos, pois estamos sempre nos relacionando com alguém.

Recentemente assisti a peça “A história de nós 2”, na qual o casal mostra as fases que ocorrem na relação (inicio, meio e fim...E por que não recomeço?). Percebi que durante o espetáculo a maioria da platéia, se não toda, ria do que era colocado, mostrando identificação com a ficção. A peça me fez pensar se há semelhanças entre os tipos de relações existentes e cheguei à conclusão que sim. Pensando no inicio da maioria das relações, mostramos ao outro o que temos de melhor, ou ainda, o que é aceito pela sociedade, e isso não se trata de fingimento ou dissimulação, apenas escolhe-se deixar como fundo o que não é bem visto ou aceito por si mesmo, mas durante a relação, esse lado acaba aflorando, pois não conseguimos nos esconder de nós mesmos o tempo todo.

É muito comum que durante a relação – e torno a dizer que não me refiro apenas ao casamento – algumas pessoas abram mão de viverem suas vidas para se tornarem “Comprometidas com alguém, que não elas”. Isso ocorre principalmente entre as mulheres, embora esse comportamento não seja característico de todas. Muitas abrem mão de sair com as amigas, de fazer o que gosta pelo outro. Isso não é amor! Isso tem outro nome. Que nome você dá?

Toda essa reflexão me fez lembrar o seguinte ditado: “os opostos se atraem”. Em partes está certo, pois quando o casamento ocorre por amor, o que mais nos atrai no outro são as diferenças que representam a polaridade possível a ser desenvolvida e trabalhada em nós mesmos. Mas vale observar que um relacionamento não vive de opostos, é necessário que haja um grande número de igualdades, se não, a relação não funciona. Por isso é importante que os dois desenvolvam seu autoconhecimento, para que não levem suas próprias repetições para a relação a dois, pois essas repetições acabam virando uma bola de neve. Algumas pessoas entram na relação com desconfiança, já com o seu pé atrás. Confiar e perdoar são essenciais na relação, pois não existe perfeição em nenhuma relação.

Vale lembrar também que durante o tempo que o casal está junto, ambos crescem e se desenvolvem, cada um no seu tempo e não tem como voltar a ser o mesmo casal do início da relação. E como na peça, não existe um início que dure para sempre, as outras fases surgem até chegar ao final, voltando a um novo início, seja com a mesma pessoa ou uma nova pessoa. A escolha é sua!


"Ninguém se apaixona por escolha, mas por acaso. Ninguém permanece apaixonado por acaso, é um esforço diário. E ninguém se desapaixona por acaso, é uma ESCOLHA." (Autor desconhecido)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

VII Mostra de Estágio na UERJ

Nos dias 24 a 26 de maio de 2011 ocorreu a VII Mostra de Estágio na UERJ. Esse evento acontece todo ano e teve a participação de grandes empresas do cenário brasileiro. Para os jovens que estão pensando na escolha profissional, esse é um evento de suma importância, pois além de estarem numa universidade, eles tem contato com diversos profissionais, através de palestras e workshops.

A temática desse ano foi: “A equação do futuro”, abordando temas como: empreendedorismo, gestão e inovação, as características e competências necessárias para o mercado de trabalho atual, mitos e verdades sobre o processo seletivo, a importância da orientação profissional, planejamento profissional, oficinas artísticas, oportunidades de estágios e muitos outros.

Este ano estive presente ao evento a convite de Eliseu de Oliveira Neto, Diretor Geral do Grupo de Pesquisa e Prática Clínica Orientando para coordenar junto com a pedagoga Stela Almeida o workshop com o jogo Profissiogame, que tem ele como um dos autores.

O jogo tem como objetivo ampliar as possibilidades de escolha do jovem, proporcionando maior contato com a realidade profissional, de forma lúdica e prazerosa. Percebe-se também que quanto mais o jovem entra em contato com as profissões, mais seguro ele fica para escolher, trabalhando concomitantemente seu autoconhecimento. O jogo não é um fim, mas um meio de se chegar a uma escolha mais pautada com a realidade atual.

Se você ainda não participou, seja profissional ou estudante, não fique chateado, pois esse evento ocorre anualmente e cada vez tem ficado melhor. Fica a dica!



Por que eu me casei?

Poderia ser um convite à reflexão, mas é apenas o nome de um filme que assisti há algum tempo atrás e que recentemente assisti novamente, só que dessa vez, acompanhada de outros colegas da área psi no curso que faço de formação em Casal e Família na abordagem gestáltica.

O filme está intitulado como comédia com toques de romance, mas se pensarmos nas cenas que acontecem durante o filme, acredito que esteja mais parecido com um drama, e quem sabe ainda encontraria algumas pessoas que diriam se tratar de um verdadeiro filme de horror. Brincadeiras a parte, não pretendo abordar através desse texto o conteúdo do filme, até por que indico que todos assistam, pois não aborda somente a temática do casamento, mas também ao que se refere às relações afetivo-sexuais de uma maneira geral.

Após assistido o filme, surgiu a seguinte pergunta no grupo: “Quais os ingredientes para que um casamento de certo?”, podemos pensar também em: quais são as expectativas de cada um acerca do casamento? Perguntas essas aparentemente simples, mas que sugerem respostas muito amplas e com significados diferentes para cada um de nós. Ao estar com o outro, gostamos de acreditar que ele pensa exatamente como pensamos ou ainda, sabemos exatamente que o outro pensa diferente de nós e que por um acontecimento mágico ele mudará sua forma de pensar. Felizmente ou infelizmente, as coisas não acontecem dessa forma; vivemos numa sociedade na qual temos a mania de perceber todas as coisas como sendo “certo ou errado”. E o que é Certo ou Errado? Será que todos tem a mesma percepção?

Mesmo em um grupo de profissionais, as respostas foram variadas e o mais interessante, é que todas as respostas estão corretas. Não existe uma única forma ou uma fórmula para se estar junto. Cada casal encontra a sua “boa forma”. Para o grupo, os ingredientes foram: boa relação a dois, parceria, confiança, estar lado a lado, compreensão, diálogo, investimento (objetivos em comum), comprometimento, desejo, afeto, sexo, química, etc. E tenho certeza que você que está lendo este texto ainda poderá encontrar alguns outros ingredientes que não estejam nesta listagem.

Tais respostas me trouxeram a seguinte indagação: Será que os casais percebem da mesma forma a palavra “Casamento”? ou mesmo “Relacionamento”? Infelizmente as dificuldades que percebo mais comuns são: a falta de diálogo, a dificuldade em escutar o que o outro tem a dizer, os segredos que ocorrem na relação e a competição entre o casal. É importante que haja sintonia entre ambos, pois manter a guerra leva ao desgaste emocional e consequentemente ao término da relação.

O segredo, se é que existe um, está em manter um relacionamento pautado no respeito, mas o que é respeito? Afinal estamos falando de algo subjetivo e com múltiplos significados. Quando digo respeito, penso em atenção e que não seja só pelo outro, mas também, como diria Foucault, no cuidado de si. Não adianta abrir mão de coisas que para si são importantes e depois responsabilizar o outro. É preciso se responsabilizar por suas escolhas e por suas decisões. Que tal prestar mais atenção aos seus sentimentos?