terça-feira, 3 de maio de 2011

Você se garante? Ou alguém garante você?

Atualmente é muito comum encontrarmos pessoas de todas as idades no semáforo, desde crianças à adultos, portadores de necessidade ou não, todos com suas bolinhas, laranjas e limões, buscando fazer malabarismos para ganhar um trocado. A desigualdade social é nítida em nosso país e esse tipo de prática tem ficado cada vez mais comum em nossa cidade, afinal vivemos em uma cultura assistencialista. E por mais que eu seja contra essa prática, percebo que a maioria dos motoristas colabora com esse tipo de situação, cada um com seu motivo pessoal; mas será que estamos realmente ajudando?

Refletindo sobre essa cena, percebo que o mesmo ocorre em outras situações e por conta dessa mania de querermos ajudar o próximo não permitindo que ele crie asas e voe. Sem querer, acabamos despotencializando o sujeito, aprisionando-os dentro de uma gaiola, passando mensagens dissonantes de nosso desejo de ajudar. Algumas pessoas inclusive podem achar um absurdo o que estou escrevendo, mas lembro de um exemplo de um estudante do Ceará que caminhava quilômetros até chegar à faculdade, e que, com muita dificuldade conseguiu concluir o curso de Medicina. Lembrando que este é um curso que a maioria acredita ser possível apenas para a classe média/alta. Sabem como ele conseguiu? Todos que lhe importavam acreditaram nele, e o mais importante, ele mesmo acreditou em si!

Essa mania de querer ajudar ocorre em vários tipos de relação, seja na relação familiar, amorosa e até na profissional. É muito comum casos de mães que precisam manter uma relação de dependência com seus filhos; só que eles crescem e essa relação continua como se essas crianças não pudessem se frustrar. Esses meninos chegam à idade adulta sem saber como lidar com a vida; precisam sempre de alguém que faça o que eles não aprenderam a fazer. Cortar esse cordão umbilical imaginário não é algo fácil; entre outras coisas, é preciso muita força de vontade e principalmente que se imponha limites a esse tipo de relação.

Essas mães dizem amar muito aos seus filhos, e compreendo que esse seja o único tipo de amor possível para elas, mas vale colocar que geralmente essa forma de amar visa aplacar um vazio contido em suas vidas. Com isso, dificultam o desenvolvimento do outro, seja através da dependência emocional e/ou financeira. No exemplo anterior, citei um caso familiar. Já numa relação amorosa e profissional não difere muito disso, apenas os locais e as pessoas mudam. É preciso que haja uma maior reflexão acerca de como nos relacionamos com o outro e consigo mesmo.

Sem a intenção de concluir, digo que é preciso acreditar no potencial criativo das pessoas e, é esse mesmo potencial criativo que nos leva a mudar. Vamos substituir as mensagens negativas de incapacidade por mensagens positivas de confiança e credibilidade, afinal relações saudáveis nos levam ao crescimento.

2 comentários:

  1. Gosto do movimento e das propostas do seu blog, Soraya!!
    Sempre é positivo refletir sobre nossa relação como outro e conosco e, na maior parte das vezes, as contribuições financeiras em sinais, assim como outras "contribuições" que fazemos na vida, falam dos nossos vazios.
    Mas, algumas vezes, podem ser um primero olhar em direção a esse outro, qdo o estágio anterior era simplesmente não vê-lo.
    E, em relação a fome, por exemplo, acho que há que se ensinar a pescar, sim, como bem disse a Adriana, mas há tb o aspecto fundamental de como lidar com a fome de agora.
    Esse problema da miséria está tão grande que já exige ações conjuntas, acho.
    Um beijo,
    Anônima Rosane Pimentel...rs

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  2. Ótima reflexão, afinal relações saudáveis são boas e nos fazem crescer...

    Um grande beijo!

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