sábado, 31 de dezembro de 2011

Você conhece seus pontos fortes?


Li recentemente uma frase que combina muito com este texto: “Nunca será um novo ano se você cometer os mesmos erros do passado... Liberte-se!” E com o início de 2012 nada melhor que avaliarmos o que serve e o que não serve mais em nossa vida. É um belo convite, não acha?

É claro que esta avaliação deve ser feita constantemente, mas se a entrada de um novo ano é um fator motivador, essa é uma ótima chance para começar. Faça uma retrospectiva do ano que passou, pensando em todas as mudanças que ocorreram em sua vida, situações positivas e negativas que aconteceram. Inicie pelos acontecimentos positivos, pense no que facilitou cada conquista, e perceba que pontos fortes foram colocados em ação para que pudesse realizar cada tarefa. Mas o que são pontos fortes? De acordo com Buckingham e Cliftin (2008) um ponto forte é a capacidade de ter um desempenho estável e quase perfeito em determinada atividade. Entre alguns pontos fortes podemos citar: adaptabilidade, autoafirmação, carisma, competição, comunicação, disciplina, empatia, organização, etc.

Com base nisso, faça uma lista de todos os eventos positivos que ocorreram, e ao lado de cada um escreva os pontos fortes que facilitaram sua realização. Esses são os seus talentos! Por exemplo, uma pessoa que cumpre horário e prazos, que planeja antes de fazer algo tem como ponto forte a disciplina; agora vamos pensar que este ponto forte a possibilitou de organizar melhor suas finanças. Outro exemplo, uma pessoa que tem facilidade em transmitir idéias, tem como ponto forte a comunicação, que consequentemente possibilitou divulgar melhor o seu trabalho, e assim por diante.

É comum as pessoas não se darem conta de seu próprio potencial, percebem as mudanças ocorridas como algo do destino; não percebem que são responsáveis pela realização de seus sonhos. A partir do momento em que conhecemos nossos pontos fortes, a possibilidade de realização aumenta significativamente.

O próximo passo é anotar os eventos considerados desfavoráveis ocorridos no ano que passou. Em vez de olhá-los de forma negativa, compreenda estes eventos como um ensaio, reflita que pontos você necessita desenvolver para que consiga concretizar. Visto dessa maneira, tais eventos perdem a característica de fracasso e passam a ser positivos para futuras conquistas. É importante que você busque perceber os ganhos obtidos nestes eventos. Afinal, se você continua repetindo uma mesma situação, mesmo que ela não seja satisfatória, é por que existem ganhos.

Com tudo o que foi colocado até o momento, é possível fazer um balanço do ano que passou e pensar em formas mais assertivas de alcançar seus sonhos. Mas se você chegou até aqui e não conseguiu identificar seus pontos fortes, acredita não ter talento nenhum, talvez esteja na hora de iniciar um trabalho de autoconhecimento. Afinal todos tem seus pontos fortes, e conhecendo-os, a oportunidade de aprimorá-los fica maior e também de desenvolver outros significativos para sua vida. Espero que esse texto tenha ajudado e desejo um Feliz 2012 à todos!


terça-feira, 12 de julho de 2011

A arrumação

Alguém mora numa casa pequena e, no correr dos anos, vai juntando muitos trastes nos cômodos. Muitos hóspedes trouxeram objetos e, quando se foram, deixaram as malas. É como se ainda estivessem aqui, embora tenham partido há muito tempo, e para sempre.
Também o que o próprio dono ajuntou permanece dentro de casa. É como se nada tivesse passado nem se perdido. Mesmo às coisas quebradas se apega a lembrança. E assim elas ficam e tiram o espaço para coisas melhores.
Só quando o proprietário está quase sufocando é que ele dá início à arrumação. Começa pelos livros. Será que ele vai querer contemplar eternamente as mesmas velhas imagens e tentar entender doutrinas e histórias alheias? Assim, remove o que havia muito tempo estava liquidado, e os cômodos ficam amplos e claros.
Então abre as malas alheias e examina se ainda encontra algo utilizável. Aí descobre algumas preciosidades e as coloca à parte. O resto ele carrega para fora.
Joga as velharias numa cova profunda . Cobre-a cuidadosamente com terra e depois planta grama por cima.
Existem histórias que são cercas. Elas comprimem e isolam. Quando nos acomodamos, elas nos proporcionam segurança. Mas quando queremos ir em frente, bloqueiam o nosso caminho. Histórias desse tipo nós próprios nos contamos, às vezes, e a chamamos de recordações. Porém muitas vezes nos contamos o que na época foi mau e nos feriu, mas não o que também nos libera. Então a lembrança se torna uma amarra, e a nossa liberdade de movimento fica reduzida.

(Bert Hellinger)

Recebi esse texto numa palestra vivencial coordenada pelo psicólogo Daniel Sá sobre "Ressignificando histórias: como transformar seu impasse em solução." e gostaria de compartilhar aqui.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Análise Transacional

A análise transacional (AT) surgiu nos anos 50 fundada por Eric Berne, numa época em que o mundo passava por grandes mudanças conceituais e tecnológicas, muitas delas ainda reflexo da Segunda Guerra Mundial. Como em outras linhas teóricas, a Análise Transacional vem de uma força da época chamada psicologia humanista, que tinha a preocupação de rever conceitos anteriores da psicologia, no qual se encontravam a psicanálise e o comportamentalismo como principais abordagens, que apenas compreendiam o sujeito como produto do meio familiar e social, sem valorizar a responsabilidade, autonomia e escolha do sujeito. (Ginger; Ginger, 1995)

Ao definir a análise transacional, Berne (2007) coloca que:

“A análise transacional é uma teoria da personalidade e de ação social e um método clínico de psicoterapia, baseado na análise de todas as possíveis transações entre duas ou mais pessoas, com base em estados de ego especificamente definidos, num número finito de tipos estabelecidos.” (p.32)

O principal interesse da AT é estudar os estados de ego, que para Berne “(...) são sistemas coerentes de pensamento e sentimento manifestados por padrões de comportamento correspondentes” (Berne, 2007:25).

Esses estados de ego são representados pelo Pai (construído durante a formação da criança sendo, portanto uma contribuição das figuras parentais), Adulto (estado desenvolvido a partir das próprias experiências e das de outrem que são utilizadas para refletir sobre o “real”, colocando o “racional” em evidência) e Criança (estado que evidencia a tomada de decisões baseada nas próprias percepções, emoções e no comportamento do outro – imitação – sem, contudo ser essa conduta uma desqualificação para seu comportamento).

“Aqui o ego é entendido de maneira como é definido pela teoria psicanalítica. Não deve, entretanto, ser confundido com Ego, Superego e Id. Os estados de ego são modos de atividades do ego, cada um deles adaptado de forma única aos diferentes tipos de situações.” (STEINER, 1968:61)

Ao falar de AT, é importante abordar a teoria dos scripts e os jogos. A teoria dos scripts faz parte desde o início do surgimento da teoria da AT, quando Berne ainda se utilizava dos métodos psicanalíticos em seu trabalho clínico individual, fazendo uso do divã. Berne acreditava que os scripts eram repetições compulsivas e percebeu que o trabalho em grupo seria mais válido ao facilitar a descoberta de novas informações sobre esses scripts. Sua análise visava reviver novas situações na vida da pessoa, possibilitando sua autonomia. (Steiner, 1976)

De acordo com Berne,

“Toda pessoa possui um plano de vida pré-consciente ou script, através do qual estrutura planos mais longos de tempo – meses, anos ou toda uma vida, preenchendo-os com atividades, rituais, passatempos e jogos que levam adiante o seu script, dando-lhe satisfação imediata comumente interrompida por períodos de isolamento e, às vezes, episódios de intimidade.” (2007:36)

E para falar dos jogos, é importante ressaltar que este ocorre nas relações ou, como visto na AT, nas transações, que podem ser divididas em complementares, cruzadas e ulteriores. Essas transações ocorrem na comunicação feita de um estado de ego para outro ou outros.

Na transação complementar, a comunicação ocorre de forma paralela, ou seja, de/para: Pai/Pai, Adulto/Adulto ou Criança/Criança. Na transação cruzada, ocorre uma falha na comunicação, no qual um dos sujeitos, de repente muda do estado de ego que está para outro. Já na transação ulterior, a comunicação não fica clara para o Adulto. Quando algo é dito, pode haver outros significados por trás do que foi falado. (Goulding; Goulding: 1991)

Os jogos são uma série de transações complementares e ulteriores, que vão sendo incorporadas na infância. Desde cedo, a criança tem contato com os jogos feitos na família de origem e segundo Berne,

"Um jogo é uma série de transações complementares que se desenrolam até um desfecho definido e previsível. Pode ser descrito como um conjunto repetido de transações, não raro enfadonhas, embora plausíveis e com uma motivação oculta." (BERNE, 1977:49)

Esses jogos envolvem uma isca e ocorrem repetidamente com um desfecho pré determinado, no qual a pessoa faz uma coisa, quando na realidade quer fazer outra. De acordo com Berne (2007:35) “Esta só funciona, (...) se houver uma fragilidade na qual possa enganchar, (...) como medo, a ganância, o sentimentalismo ou a irritabilidade.”

Análise Transacional, como uma técnica psicoterápica, tem algumas características que se debruçam sobre linguagem, responsabilidade e conceitos como: Permissão, Proteção e Potência.

A AT estabelece como princípio de trabalho a utilização de uma linguagem compreensível e acessível às pessoas. Acredita que dessa maneira, possibilitando o acesso do paciente a todos os aspectos do pensamento do terapeuta relacionado com o tratamento, permitirá que as modificações de comportamento do paciente possam ocorrer de forma mais eficaz. (STEINER, 1968)

Na Análise Transacional o paciente ocupa um lugar de responsabilidade em razão desta técnica entender que as ações tomadas pelo sujeito são oriundas de suas próprias decisões, o que lhe faculta as rédeas de sua vida e consequentemente a responsabilidade de seus eventuais distúrbios. Nessa relação terapêutica, estabelecida entre paciente e terapeuta, este último também é visto como alguém que deve assumir responsabilidades no que se refere às atitudes que tenha em relação ao paciente. Esse ponto de vista, em que paciente é responsável por suas atitudes e o terapeuta pelas ações que visam curar ou modificar estados caracterizados como indesejáveis pelo paciente, é que faz com que a AT seja “(...) considerada como uma forma contratual de tratamento (...)” (STEINER, 1968:61-64)

Já no conceito de permissão o terapeuta assume um papel diretivo; a proteção é uma consequência lógica dessa permissão já que o terapeuta passa a apoiar temporariamente o paciente, que se encontra em estado de ansiedade e de vacuum existencial oriundos do “descumprimento” das “indicações parentais”; a potência traz em si o comprometimento do terapeuta em curar e tomar as atitudes necessárias para que essa cura possa se dar (confrontando, pressionando e/ou acolhendo o paciente, segundo a necessidade do momento).

Dessa forma, a AT desenvolve no indivíduo a possibilidade de desmontar o "quebra-cabeça", aqui denominado como script, e remontá-lo a seu próprio modo, libertando-se de “amarras” psicológicas e fornecendo ao cliente a liberdade necessária para alcançar o sucesso e desenvolver todas as suas potencialidades. Por mais amargo que possa parecer, deixou claro que grande parte da humanidade passa toda a vida “andando em círculos” e retornando ao ponto de partida. A Análise Transacional é sem dúvida uma ferramenta de transformação humana, individual, quanto à pessoa, e coletiva quanto à sociedade.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BERNE, E. O que você diz depois de dizer olá. (2ª edição). São Paulo: Nobel, 2007.19-37.

________. Os jogos da vida. (3ª edição). Rio de Janeiro: Editora Artenova S.A., 1977. 19-60.

GINGER, A. GINGER, S. Gestalt uma terapia de contato. (4ª edição). São Paulo: Summus Editorial, 1995. 93-96.

STEINER, C. Os papéis que vivemos na vida. Artenova. Rio de Janeiro, 1976. 14-34.

domingo, 3 de julho de 2011

Dicas de como estudar - Aprendendo a aprender

O estudo é um trabalho que necessita de ferramentas capazes para facilitar o processo de aprendizagem.

Uma metodologia de estudo pode ser uma grande ajuda, pois, quando utilizada adequadamente, o aluno obtém sucesso.

Não existe um único método de estudon, nenhum método é ideal para todas as pessoas. Cada pessoa, a partir de sua personalidade, vai descobrindo a forma mais eficaz de aprender novos conteúdos.

É bom lembrar que todo assunto novo é aprendido por associação de conhecimentos anteriormente apreendidos, daí a importância de estar sempre em dia com suas tarefas.

É preciso, portanto, criar uma metodologia própria, conciliando estudo, lazer e outras atividades, sem esquecer algumas observações fundamentais:

Local:

Deve ser bem iluminado, bem ventilado e sem excesso de estímulos visuais ou sonoros.Separe bem seu local de trabalho do seu local de lazer.

Tenha sempre em mãos sua agenda e seu material didático.

Tempo:

Procure estudar num horário mais ou menos fixo, para que você crie o hábito de estudo.Não estude durante longas horas. Faça pequenas pausas.

Controle e respeite seu horário de estudo. Agindo assim, você evitará o cansaço provocado por tarefas e estudos intensivos de última hora.

Aulas:

Participe das aulas, fique atento, mantenha-se concentrado, anote os pontos mais importantes, pois isso vai ajudá-lo a visualizar melhor a matéria e facilitar a leitura e o estudo em casa.Procure tirar as dúvidas na aula. Evite acumulá-las.Estudar, realmente, é um trabalho difícil. Exige disciplina a qual se adquire a partir de uma prática.

Aproveite melhor suas horas de estudo de forma planejada, organizada e determinada.

Se precisar de ajuda, procure orientação com seus professores, coordenadores, psicólogos ou mesmo com seus pais. Esses podem ajudá-lo a organizar suas atividades e melhorar seus estudos.


Orientação de Estudo.

Você gosta de ler?

SIM ( )
Parabéns! Você tem a condição básica para elaborar um método de estudo adequado às suas necessidades.
Procure aproveitar a orientação de seu professores, pais, coordenadores, psicólogos e amigos que também gostam de ler.

NÃO ( )
Pense: ler é uma atividade básica para o estudo.
Procure descobrir assuntos de que você goste, valorizando qualquer tipo de fonte: revistas, jornais, internet, romances etc...

Estudar é aprender, leia e interprete com suas palavras tudo que está sendo lido.

O saber e a cultura são os bens mais preciosos de um indivíduo e de um povo. Vale a pena investir neles muito esforço pessoal, daí a importância de um bom método de estudo. O uso adequado desse método lhe proporcionará mais segurança no seu estudo, senso crítico mais apurado, melhor capacitação profissional, além de diminuir sua ansiedade frente às verificações, pois estudando um pouco a cada dia, você diminuirá a carga de estudo às vésperas das provas.

O método é um caminho que facilitará a realização e o êxito de uma atividade. Todo método deverá estar de acordo com a atividade e seus objetivos.

Foram elaboradas algumas sugestões que poderão ajudá-lo no seu estudo, tanto em sala de aula como em casa. Observe que tudo depende de sua participação e organização.

Use todos os sentidos:

A repetição estimula a memória. Procure prestar atenção às aulas, ler a matéria em voz alta, anotar informações mais importantes e discutir o conteúdo com os colegas. Com isso você grava as informações por meio de vários sentidos, facilitando o aprendizado.

Não espere a matéria acumular:

Esteja sempre com a matéria em dia. Se a matéria acumular, você vai ser obrigado a fornecer muitos dados à sua memória em pouco tempo. Desse modo, as informações não ficam retidas no cérebro e logo são esquecidas.

Adote o método das associações:

Crie associações entre aquilo que precisa aprender e fatos importantes da sua vida. Isso vai fazer com que você se lembre com mais facilidade do que aprendeu.

Procure, pois, criar o seu próprio método de estudo, preocupando-se com sua formação profissional futura, mas também com seu crescimento e desenvolvimento como pessoa, nos seus diversos aspectos: intelectual, cultural, esportivo, recreativo, religioso e sócio-afetivo. Lembre-se sempre de que não se aprende para a escola e sim para a vida!

Para que estudar?

Estudamos para melhorar nosso desempenho na vida escolar, nas avaliações, na vida profissional e, principalmente, para desenvolver a capacidade de pensar por conta própria.

Veja como você pode fazer para aproveitar melhor o estudo:

  1. Estudar mais a disciplina que menos gosta. Estudar aquilo que se gosta é prazer: trabalho é aprender o que parece difícil;
  2. Distinguir “não gostar do professor” com “não gostar da matéria”.
  3. O medo de tirar nota atrapalha no estudo. Não estudar por nota, estudar porque ficará diferente e melhor;
  4. Ninguém aprende nada sem se interessar. Procurar criar interesse. Uma pessoa inteligente descobre interesse nas tarefas mais enfadonhas;
  5. Caso esteja com problemas pessoais, não se culpar por não conseguir estudar. Procurar aconselhar-se com alguém;
  6. Não estudar com freqüência as matéria mais parecidas, uma pode atrapalhar a outra. Intercalar Português com Matemática, Física com História etc. A mudança de método é uma forma de descanso mental.
  7. Fazer da escola um lugar de orientação. Estudo mesmo é o que se faz por conta própria. Não coloque toda a responsabilidade pela compreensão de conteúdo nas mãos do professor, o máximo que ele pode fazer é orientar;
  8. Organizar um horário não só para estudos, mas para todas as atividades;
  9. Criar também um ambiente de estudo, não deixar que as circunstâncias atrapalhem o trabalho;
  10. Fixar o lugar e as horas em que estuda, isto ajudará a obter concentração e transformar-se-á em hábito.

FONTE: UNIFEV - Centro Universitário de Votuporanga

sábado, 25 de junho de 2011

Frustração - o que fazer quando algo que desejamos não se realiza?

Quando desejamos algo, criamos expectativas em relação ao nosso objeto de desejo, mas e quando o que esperamos não se realiza? Como lidar com essa situação? Essas perguntas me fizeram refletir sobre o assunto e percebi que algumas pessoas, (para não dizer a maioria) encontram dificuldades em lidar satisfatoriamente com a situação. Estou falando da frustração. Mas o que vem a ser isso? De acordo com o Minidicionário da Língua Portuguesa, é um substantivo feminino, que vem do verbo frustrar e que significa “1. Desiludir, decepcionar. 2. Anular, inutilizar. P. 3. Malograr-se, fracassar.” Percebo como cada vez mais as pessoas se encontram despreparadas emocionalmente para lidar com situações adversas e deixo aqui o meu convite a reflexão.

A sociedade da qual fazemos parte funciona a mil por hora e um número significativo de pessoas buscam fugir de tudo que desagrada, visando apenas a felicidade e a constante satisfação. Em alguns casos, buscam na medicalização - indevida - respostas para suas questões pessoais. Com isso, é importante perceber a diferença de valores que antes eram respeitados e que atualmente encontram-se desvalorizados por muitos, é o caso da educação. A charge abaixo representa bem toda essa mudança.


É na infância, que a criança começa a lidar com a frustração e os pais são fundamentais nesse processo educativo, auxiliando a criança a adquirir um comportamento emocional saudável, transmitindo a esse ser em desenvolvimento o que é essencial, aceitável e adequado para conviver em sociedade. Saber lidar com a frustração nos torna mais aptos a lidar melhor com o outro e com as situações que ocorrem durante a vida e esse processo está em constante desenvolvimento.

Muitos pais confundem educar com criar seus filhos a partir do momento que:

- Fazem tudo o que os filhos pedem com medo de perder seu amor;

- Cedem diante da insistência dos filhos;

- Defendem os filhos mesmos que estejam errados;

- Prometem castigos e não cumprem;

- Fazem pelo filho algo do qual já são capazes de fazer sozinhos;

- Abrem mão de tudo para satisfazer os filhos.

Nesse sentido, é preciso estar atento à forma de contato que se estabelece com o outro e com o meio, não cabe justificar sua maneira de ser, na educação que obteve dos pais. Digo isso, pois é muito comum responsabilizarmos o outro, sem assumirmos nossa cota de responsabilidade.

Não significa que não tendo aprendido a lidar com a frustração enquanto criança, a pessoa esteja impossibilitada de aprender quando chega à idade adulta. Costumo dizer que só paramos de aprender quando morremos, temos a possibilidade de evoluir sempre! Enquanto adultos, como lidar com eventos frustrantes? A frustração se apresenta em vários níveis, de acordo como a pessoa percebe o evento. Vale lembrar que uma pessoa pode tirar de letra e assimilar tranquilamente uma situação, enquanto outra passa pelo mesmo evento e sente muita dificuldade emocional para lidar com a situação.

Existe um ditado popular que diz o seguinte: “Se a vida te oferecer um limão, faça dele uma limonada”. E é mais ou menos assim, você tem o poder de fazer com o seu limão o que quiser. Em vez de ficar se lamentando e dizendo: - Porque isso aconteceu comigo? Pense no que você pode fazer a respeito, que aprendizagem você pode tirar da situação. Existem pessoas que preferem remoer o passado a seguir em frente. Remoer o passado envenena nossa alma, deixa-nos engessados e paralisa nossa vida. Aprenda a colocar o foco na solução em vez de ficar remoendo o problema!

Como anda o seu tempo?

A questão do tempo começou a chamar a minha atenção, a partir do momento que percebi como se tornou constante as pessoas dizerem “Não tenho tempo!”. Fiquei imaginando o que essa pequena frase poderia significar para cada pessoa. Afinal o que é a falta de tempo?

A falta de tempo para alguns pode significar apenas uma necessidade de melhorar a organização diária, para outros pode estar relacionado à dificuldade da pessoa em dizer “não”, ou ainda pode significar uma boa desculpa para não levar um planejamento adiante. Nesse último caso, muitas pessoas usam de forma a não se comprometerem, usando o “Não tenho tempo!” no lugar do “eu não quero!”

É claro que não podemos levar essas justificativas ao pé da letra, existem muitos outros motivos, mas precisamos pensar que o tempo é nosso e devemos organizá-lo da melhor maneira possível, se quisermos melhorar nossa vida.

O primeiro passo é refletir se o tempo gasto é dedicado a você, a outra pessoa ou ambos. Pense no tempo que é dedicado a você e ao outro e se essas tarefas podem ser delegadas a outras pessoas. Percebo que em alguns casos as pessoas se sobrecarregam acreditando que o outro não seja capaz de realizar a tarefa, trazendo para si essa obrigação, mostrando em alguns casos excesso de perfeccionismo.

Uma dica importante é criar uma agenda diária, seja de papel, no computador ou no próprio celular, colocando seus compromissos, priorizando os eventos mais importantes, lembrando-se de deixar um tempo adequado entre um evento e outro, afinal ao organizar sua agenda diária, deve-se pensar que imprevistos podem acontecer.

Ao passar seus compromissos para a agenda, verifique se os eventos são realmente necessários para aquele momento, ou seja, se eles estão alinhados com os seus objetivos no momento. Se estiverem, quais os seus ganhos ao realizá-los? Ao se comprometer com algum evento, é bom que tenha consciência do ganho que ele traz para sua vida.

Lembre-se que é importante ter objetivos bem definidos, pois quanto mais definido ele é, mais chances você tem de organizar e cumprir suas atividades. Por exemplo, é muito comum pessoas que querem perder peso dizerem que não tem tempo para caminhar ou para frequentar uma academia. Mas quando pergunto qual a relevância da prática esportiva em sua vida, não sabem bem o que responder.

Não se cobre muito no início, veja o que é possível realizar e o mais importante: não desista!

Emoções

O estudo das emoções é um tema antigo, Marco Aurélio (120-180 d.C.) escreveu em suas meditações: “Livre da paixão, a mente humana torna-se mais forte”. Os racionalistas da Antiga Grécia acreditavam que, caso não mantivessem as emoções sob controle, os processos mentais superiores seriam prejudicados. Até então podemos observar que a emoção era vista como algo que pudesse enfraquecer o indivíduo ou como algo incontrolável. Já Darwin acreditava que a capacidade de controlar as próprias emoções era necessária para a sobrevivência do Homo Sapiens; e só depois de sua publicação, os psicólogos começaram a considerar importante a comunicação da emoção, pois antes a viam como parte do instinto básico do indivíduo.

No livro O mal estar na civilização, Freud explicou quee transtornos psíquicos são com freqüência resultado de reações emocionais fora de controle; sentimentos sem freio são rápidos na produção de efeitos devastadores. Freud introduziu o conceito de recalque, onde sentimentos muito dolorosos ou incompatíveis com o ideal que temos de nós mesmos são exilados sem maior demora no inconsciente. Mas a energia própria das nossas emoções precisa de escape, se não acaba se manifestando sob forma de perturbações neuróticas ou mesmo físicas.

Ao sentirmos uma emoção intensa, percebemos várias mudanças corporais; incluindo aceleração da respiração e da freqüência cardíaca, secura na boca e garganta, por exemplo; a maioria das mudanças fisiológicas ocorre durante a ativação do setor simpático do SNA quando este se prepara, para situações de emergência; quando a emoção volta ao normal o parassimpático volta ao controle e restitui o estado normal.

Robert Plutchik propôs a existência de oito emoções básicas: medo, surpresa, tristeza, repulsa, raiva, antecipação, alegria e aceitação. Seus ingredientes não são apenas fisiológicos e de comportamento expressivo, mas também conscientes, pois servem como proteção de perigo. Entre elas, citaremos três para servirem de exemplo:

MEDO – é uma emoção adaptativa e em alguns casos pode ser traumática;

RAIVA – pode ser despertada por eventos frustrantes ou que sejam interpretados como intencionais. A depressão também pode alimentar a raiva e embora seja descarregada, causando calma momentânea, não reduz a raiva em longo prazo, ou seja, expressar a raiva traz na realidade mais raiva;

FELICIDADE – quando nos sentimos felizes, nossa percepção do mundo melhora e ficamos mais suscetíveis a ajudar o próximo. Algumas expressões faciais parecem ter significado universal, independente da cultura onde ele é criado; foi visto que um grupo que nunca teve contato com culturas ocidentais conseguiram identificar as emoções representadas por elas. Assim, podemos ver da seguinte maneira: emoções primárias são aquelas compartilhadas pelas pessoas do mundo inteiro e emoções secundárias são aquelas encontradas em uma ou mais culturas, mas não em todas.

As emoções podem ser expressas também de maneira não verbal, através de gestos e expressões faciais. Os gestos podem variar de cultura para cultura; por exemplo: na Grécia a palma da mão aberta é um insulto desde os tempos antigos; na África Ocidental, é um insulto à honra da mãe, já o polegar para cima, na Austrália é um sinal obsceno; no Japão significa o número um.

Embora as culturas partilhem uma linguagem facial universal para as emoções básicas, diferem no como e quanto expressam emoção; confundimos o sorriso como um reflexo emocional, mas na verdade trata-se de um fenômeno social, pois costumamos sorrir somente na presença de outras pessoas e não para um objeto inanimado.

Através de pesquisas realizadas, foi observado que esconder a irritação ou o sofrimento pode levar ao pessimismo e à depressão; geralmente pode chegar a uma taxa de mortalidade até cinco vezes maior, ou seja, dar vazão aos sentimentos não é apenas humano, mas também de importância vital. Mas não vamos pensar que é para sairmos por aí descarregando nossos sentimentos, pois nada em excesso é de natureza positiva. Uma outra maneira de estar saudável com nossas emoções é aprender a ver as coisas sob um ângulo diferente; tem pessoas que tem o hábito de ver de forma negativa todos os eventos que ocorrem na vida, o que é totalmente errôneo.

O controle das emoções de maneira bem sucedida pode ser aprendida de várias maneiras, é o caso dos monges tibetanos. De acordo com a cultura, esse controle pode ser mal visto, como no caso do ocidente que vê de maneira dissimulada; já no oriente, o estado de espírito equilibrado é sinal de saúde física e mental. Resumindo, através da capacidade de controlar as emoções, podemos modificar impulsos negativos, e assim vivermos de maneira mais harmoniosa.



domingo, 5 de junho de 2011

A História de Nós 2, 3, 4, 5, 6 ...

Se você vem acompanhando o blog pode estar se perguntando “Mais um texto sobre relacionamentos?” E eu respondo o seguinte: Quando se trata de relacionamento a dois, nunca conseguimos esgotar o tema. E como esse assunto tem estado muito forte em minha vida ultimamente, seja através de filmes, peças de teatro, textos, enfim, percebi a necessidade de compartilhá-lo com você, pois acredito que nada seja por acaso. Apesar de que, se pararmos para analisar, este acaba sendo um tema padrão na vida de todos, pois estamos sempre nos relacionando com alguém.

Recentemente assisti a peça “A história de nós 2”, na qual o casal mostra as fases que ocorrem na relação (inicio, meio e fim...E por que não recomeço?). Percebi que durante o espetáculo a maioria da platéia, se não toda, ria do que era colocado, mostrando identificação com a ficção. A peça me fez pensar se há semelhanças entre os tipos de relações existentes e cheguei à conclusão que sim. Pensando no inicio da maioria das relações, mostramos ao outro o que temos de melhor, ou ainda, o que é aceito pela sociedade, e isso não se trata de fingimento ou dissimulação, apenas escolhe-se deixar como fundo o que não é bem visto ou aceito por si mesmo, mas durante a relação, esse lado acaba aflorando, pois não conseguimos nos esconder de nós mesmos o tempo todo.

É muito comum que durante a relação – e torno a dizer que não me refiro apenas ao casamento – algumas pessoas abram mão de viverem suas vidas para se tornarem “Comprometidas com alguém, que não elas”. Isso ocorre principalmente entre as mulheres, embora esse comportamento não seja característico de todas. Muitas abrem mão de sair com as amigas, de fazer o que gosta pelo outro. Isso não é amor! Isso tem outro nome. Que nome você dá?

Toda essa reflexão me fez lembrar o seguinte ditado: “os opostos se atraem”. Em partes está certo, pois quando o casamento ocorre por amor, o que mais nos atrai no outro são as diferenças que representam a polaridade possível a ser desenvolvida e trabalhada em nós mesmos. Mas vale observar que um relacionamento não vive de opostos, é necessário que haja um grande número de igualdades, se não, a relação não funciona. Por isso é importante que os dois desenvolvam seu autoconhecimento, para que não levem suas próprias repetições para a relação a dois, pois essas repetições acabam virando uma bola de neve. Algumas pessoas entram na relação com desconfiança, já com o seu pé atrás. Confiar e perdoar são essenciais na relação, pois não existe perfeição em nenhuma relação.

Vale lembrar também que durante o tempo que o casal está junto, ambos crescem e se desenvolvem, cada um no seu tempo e não tem como voltar a ser o mesmo casal do início da relação. E como na peça, não existe um início que dure para sempre, as outras fases surgem até chegar ao final, voltando a um novo início, seja com a mesma pessoa ou uma nova pessoa. A escolha é sua!


"Ninguém se apaixona por escolha, mas por acaso. Ninguém permanece apaixonado por acaso, é um esforço diário. E ninguém se desapaixona por acaso, é uma ESCOLHA." (Autor desconhecido)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

VII Mostra de Estágio na UERJ

Nos dias 24 a 26 de maio de 2011 ocorreu a VII Mostra de Estágio na UERJ. Esse evento acontece todo ano e teve a participação de grandes empresas do cenário brasileiro. Para os jovens que estão pensando na escolha profissional, esse é um evento de suma importância, pois além de estarem numa universidade, eles tem contato com diversos profissionais, através de palestras e workshops.

A temática desse ano foi: “A equação do futuro”, abordando temas como: empreendedorismo, gestão e inovação, as características e competências necessárias para o mercado de trabalho atual, mitos e verdades sobre o processo seletivo, a importância da orientação profissional, planejamento profissional, oficinas artísticas, oportunidades de estágios e muitos outros.

Este ano estive presente ao evento a convite de Eliseu de Oliveira Neto, Diretor Geral do Grupo de Pesquisa e Prática Clínica Orientando para coordenar junto com a pedagoga Stela Almeida o workshop com o jogo Profissiogame, que tem ele como um dos autores.

O jogo tem como objetivo ampliar as possibilidades de escolha do jovem, proporcionando maior contato com a realidade profissional, de forma lúdica e prazerosa. Percebe-se também que quanto mais o jovem entra em contato com as profissões, mais seguro ele fica para escolher, trabalhando concomitantemente seu autoconhecimento. O jogo não é um fim, mas um meio de se chegar a uma escolha mais pautada com a realidade atual.

Se você ainda não participou, seja profissional ou estudante, não fique chateado, pois esse evento ocorre anualmente e cada vez tem ficado melhor. Fica a dica!



Por que eu me casei?

Poderia ser um convite à reflexão, mas é apenas o nome de um filme que assisti há algum tempo atrás e que recentemente assisti novamente, só que dessa vez, acompanhada de outros colegas da área psi no curso que faço de formação em Casal e Família na abordagem gestáltica.

O filme está intitulado como comédia com toques de romance, mas se pensarmos nas cenas que acontecem durante o filme, acredito que esteja mais parecido com um drama, e quem sabe ainda encontraria algumas pessoas que diriam se tratar de um verdadeiro filme de horror. Brincadeiras a parte, não pretendo abordar através desse texto o conteúdo do filme, até por que indico que todos assistam, pois não aborda somente a temática do casamento, mas também ao que se refere às relações afetivo-sexuais de uma maneira geral.

Após assistido o filme, surgiu a seguinte pergunta no grupo: “Quais os ingredientes para que um casamento de certo?”, podemos pensar também em: quais são as expectativas de cada um acerca do casamento? Perguntas essas aparentemente simples, mas que sugerem respostas muito amplas e com significados diferentes para cada um de nós. Ao estar com o outro, gostamos de acreditar que ele pensa exatamente como pensamos ou ainda, sabemos exatamente que o outro pensa diferente de nós e que por um acontecimento mágico ele mudará sua forma de pensar. Felizmente ou infelizmente, as coisas não acontecem dessa forma; vivemos numa sociedade na qual temos a mania de perceber todas as coisas como sendo “certo ou errado”. E o que é Certo ou Errado? Será que todos tem a mesma percepção?

Mesmo em um grupo de profissionais, as respostas foram variadas e o mais interessante, é que todas as respostas estão corretas. Não existe uma única forma ou uma fórmula para se estar junto. Cada casal encontra a sua “boa forma”. Para o grupo, os ingredientes foram: boa relação a dois, parceria, confiança, estar lado a lado, compreensão, diálogo, investimento (objetivos em comum), comprometimento, desejo, afeto, sexo, química, etc. E tenho certeza que você que está lendo este texto ainda poderá encontrar alguns outros ingredientes que não estejam nesta listagem.

Tais respostas me trouxeram a seguinte indagação: Será que os casais percebem da mesma forma a palavra “Casamento”? ou mesmo “Relacionamento”? Infelizmente as dificuldades que percebo mais comuns são: a falta de diálogo, a dificuldade em escutar o que o outro tem a dizer, os segredos que ocorrem na relação e a competição entre o casal. É importante que haja sintonia entre ambos, pois manter a guerra leva ao desgaste emocional e consequentemente ao término da relação.

O segredo, se é que existe um, está em manter um relacionamento pautado no respeito, mas o que é respeito? Afinal estamos falando de algo subjetivo e com múltiplos significados. Quando digo respeito, penso em atenção e que não seja só pelo outro, mas também, como diria Foucault, no cuidado de si. Não adianta abrir mão de coisas que para si são importantes e depois responsabilizar o outro. É preciso se responsabilizar por suas escolhas e por suas decisões. Que tal prestar mais atenção aos seus sentimentos?

domingo, 15 de maio de 2011

Relacionamentos

Tive o prazer de assistir a peça Doidas e Santas no teatro Vanucci, no shopping da Gávea. A peça conta a história da Beatriz, uma psicanalista, filha de D. Elda, irmã de Berenice, mãe de Marina que é adolescente e por fim, esposa de Orlando. O casamento deles já dura mais de 20 anos e acabou caindo na rotina, fazendo com que ela pedisse o divórcio. Não tenho a intensão de falar sobre a peça em si, mas sobre as reflexões que tive ao assistir a peça. Em todo caso, fica uma boa dica para o final de semana!

Como Beatriz, muitas pessoas também exercem diversos papéis na vida real, mas geralmente é o público feminino que em sua maioria acaba caindo na rotina diária e esquece o que realmente é importante para as suas vidas. Muitas vezes as mulheres vivem os sonhos de outras pessoas, esquecendo-se de seus próprios sonhos. Dessa forma a vida vai ficando cada vez mais sem graça e cansativa. Na maioria das vezes, responsabilizam outras pessoas por sua frustração. Mas o que as impede de viver plenamente a vida que desejam? E que vida desejam realmente viver? Pode parecer bobo, mas para muitas pessoas essa é uma pergunta extremamente difícil de responder.

Se você está neste momento se perguntando a mesma coisa, leve em consideração os seus valores; pense no que realmente é importante e essencial para você. Pense no que você não abre mão. Valorize o que você gosta, seja ler um livro, assistir um filme, conversar com amigos, fazer ginástica, etc. Encontre algo que goste de fazer, que lhe dê prazer e se permita desfrutar desse momento. Investir no autoconhecimento é fundamental.

Algumas pessoas permitem que o outro dite o que é certo ou errado para as suas vidas e ainda pensam no que o outro dirá, dificultando assim, qualquer forma de contato saudável. Isso não significa que tudo é permitido, mas que é necessário ter consciência e acima de tudo, responsabilidade. Aproveito para citar uma frase do Pequeno Príncipe, “Somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos”.

E pensando assim, chegamos à formação do casal, no qual cada um dos envolvidos entra na relação trazendo sua bagagem pessoal, leva para o relacionamento sua herança familiar, com perdas e ganhos adquiridos ao longo dos anos. Cada um chega com suas expectativas em relação ao outro, inicialmente parecem perfeitos, príncipes e princesas, mas o tempo vai passando e se não houver cuidado com a relação, acaba caindo na rotina. De príncipes e princesas, só restam os sapos. E quem quer casar com sapos?

Dessa forma é fundamental que ambos busquem trabalhar seu autoconhecimento, de forma a entrarem na relação da maneira mais sadia possível, não esperando do outro mais do que ele pode dar. E finalizando, eu deixo uma pergunta:

- Vocês querem a metade de uma laranja ou uma laranja inteira? A escolha é de vocês!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Aprendi...

Aprendi que eu não posso exigir o amor de ninguém, posso apenas dar boas razões para que gostem de mim e ter paciência, para que a vida faça o resto.

Aprendi que não importa o quanto certas coisas sejam importantes para mim, tem gente que não dá a mínima e eu jamais conseguirei convencê-las.

Aprendi que posso passar anos construindo uma verdade e destruí-la em apenas alguns segundos. Que posso usar meu charme por apenas 15 minutos, depois disso, preciso saber do que estou falando.

Eu aprendi... Que posso fazer algo em um minuto e ter que responder por isso o resto da vida. Que por mais que se corte um pão em fatias, esse pão continua tendo duas faces, e o mesmo vale para tudo o que cortamos em nosso caminho.

Aprendi... Que vai demorar muito para me transformar na pessoa que quero ser, e devo ter paciência. Mas, aprendi também, que posso ir além dos limites que eu próprio coloquei.

Aprendi que preciso escolher entre controlar meus pensamentos ou ser controlado por eles. Que os heróis são pessoas que fazem o que acham que devem fazer naquele momento, independentemente do medo que sentem.

Aprendi que perdoar exige muita prática. Que há muita gente que gosta de mim, mas não consegue expressar isso.

Aprendi... Que nos momentos mais difíceis a ajuda veio justamente daquela pessoa que eu achava que iria tentar piorar as coisas.

Aprendi que posso ficar furioso, tenho direito de me irritar, mas não tenho o direito de ser cruel. Que jamais posso dizer a uma criança que seus sonhos são impossíveis, pois seria uma tragédia para o mundo se eu conseguisse convencê-la disso.

Eu aprendi... que meu melhor amigo vai me machucar de vez em quando, que eu tenho que me acostumar com isso. Que não é o bastante ser perdoado pelos outros, eu preciso me perdoar primeiro.

Aprendi que, não importa o quanto meu coração esteja sofrendo, o mundo não vai parar por causa disso.

Eu aprendi... Que as circunstâncias de minha infância são responsáveis pelo que eu sou, mas não pelas escolhas que eu faço quando adulto.

Aprendi que numa briga eu preciso escolher de que lado estou, mesmo quando não quero me envolver. Que, quando duas pessoas discutem, não significa que elas se odeiem; e quando duas pessoas não discutem não significa que elas se amem.

Aprendi que por mais que eu queira proteger os meus filhos, eles vão se machucar e eu também. Isso faz parte da vida.

Aprendi que a minha existência pode mudar para sempre, em poucas horas, por causa de gente que eu nunca vi antes.

Aprendi também que diplomas na parede não me fazem mais respeitável ou mais sábio.

Aprendi que as palavras de amor perdem o sentido, quando usadas sem critério. E que amigos não são apenas para guardar no fundo do peito, mas para mostrar que são amigos.

Aprendi que certas pessoas vão embora da nossa vida de qualquer maneira, mesmo que desejemos retê-las para sempre.

Aprendi, afinal, que é difícil traçar uma linha entre ser gentil, não ferir as pessoas, e saber lutar pelas coisas em que acredito.


* Alguns sites dizem que o texto é de autoria de Charles Chaplin e outros dizem que é de W. Shakespeare

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Quando não posso ouvir...

Desagrada-me não poder ouvir a outrem, não o compreender, se é apenas uma deficiência de compreensão, uma falta de atenção ao que me está sendo dito, ou certa dificuldade de entender as palavras,, então não me sinto mais que um ligeiro descontentamento comigo mesmo.

Mas o que realmente desgosto comigo é não poder escutar outra pessoa porque já estou, de antemão, tão certo do que ela vai me dizer que não lhe dou ouvido, só posteriormente verifico não ter prestado atenção senão ao que já decidira que ela ia me dizer. Na verdade, deixei de ouvir, pior que isso, são as vezes em que não posso escutar uma pessoa porque o que está sendo dito constitui uma ameaça para mim, com risco até de mudar minhas opiniões ou o meu comportamento. Ou, pior ainda, quando me descubro a tentar distorcer sua imagem, a fim de fazê-la dizer o que eu quero que diga, só escutando isso.

Coisa um tanto sutil, e é surpreendente a habilidade que tenho quando faço isso. Exatamente por deformar um pouco suas palavras, por distorcer, um mínimo o que ela pretende significar, posso tornar evidente que não só ela diz o que eu queria ouvir, mas se mostra a pessoa que eu quero que ela seja, e só quando verifico, através do seu protesto ou do meu gradual reconhecimento de que estou a manipulá-la, sutilmente, que fico desgostoso de mim próprio. Sei também por haver estado do outro lado, o quanto é decepcionante ser tido por aquilo que não é, ser ouvido como se estivesse a dizer o que não se disse ou não se pretendeu significar. Preciso me desvincular do meu juízo de valor para, ter liberdade para aprender.

FONTE: Carl Rogers – Liberdade para aprender

terça-feira, 3 de maio de 2011

Você se garante? Ou alguém garante você?

Atualmente é muito comum encontrarmos pessoas de todas as idades no semáforo, desde crianças à adultos, portadores de necessidade ou não, todos com suas bolinhas, laranjas e limões, buscando fazer malabarismos para ganhar um trocado. A desigualdade social é nítida em nosso país e esse tipo de prática tem ficado cada vez mais comum em nossa cidade, afinal vivemos em uma cultura assistencialista. E por mais que eu seja contra essa prática, percebo que a maioria dos motoristas colabora com esse tipo de situação, cada um com seu motivo pessoal; mas será que estamos realmente ajudando?

Refletindo sobre essa cena, percebo que o mesmo ocorre em outras situações e por conta dessa mania de querermos ajudar o próximo não permitindo que ele crie asas e voe. Sem querer, acabamos despotencializando o sujeito, aprisionando-os dentro de uma gaiola, passando mensagens dissonantes de nosso desejo de ajudar. Algumas pessoas inclusive podem achar um absurdo o que estou escrevendo, mas lembro de um exemplo de um estudante do Ceará que caminhava quilômetros até chegar à faculdade, e que, com muita dificuldade conseguiu concluir o curso de Medicina. Lembrando que este é um curso que a maioria acredita ser possível apenas para a classe média/alta. Sabem como ele conseguiu? Todos que lhe importavam acreditaram nele, e o mais importante, ele mesmo acreditou em si!

Essa mania de querer ajudar ocorre em vários tipos de relação, seja na relação familiar, amorosa e até na profissional. É muito comum casos de mães que precisam manter uma relação de dependência com seus filhos; só que eles crescem e essa relação continua como se essas crianças não pudessem se frustrar. Esses meninos chegam à idade adulta sem saber como lidar com a vida; precisam sempre de alguém que faça o que eles não aprenderam a fazer. Cortar esse cordão umbilical imaginário não é algo fácil; entre outras coisas, é preciso muita força de vontade e principalmente que se imponha limites a esse tipo de relação.

Essas mães dizem amar muito aos seus filhos, e compreendo que esse seja o único tipo de amor possível para elas, mas vale colocar que geralmente essa forma de amar visa aplacar um vazio contido em suas vidas. Com isso, dificultam o desenvolvimento do outro, seja através da dependência emocional e/ou financeira. No exemplo anterior, citei um caso familiar. Já numa relação amorosa e profissional não difere muito disso, apenas os locais e as pessoas mudam. É preciso que haja uma maior reflexão acerca de como nos relacionamos com o outro e consigo mesmo.

Sem a intenção de concluir, digo que é preciso acreditar no potencial criativo das pessoas e, é esse mesmo potencial criativo que nos leva a mudar. Vamos substituir as mensagens negativas de incapacidade por mensagens positivas de confiança e credibilidade, afinal relações saudáveis nos levam ao crescimento.