domingo, 22 de agosto de 2010

Depressão na adolescência

Não pensava em escrever sobre esse assunto no momento, mas acredito que nada aconteça por acaso, e depois que uma aluna entrou em contato comigo por telefone querendo fazer uma entrevista para o trabalho dela sobre esse assunto, esse fato me chamou a atenção. Primeiro porque esse tema estava sendo tratado na escola e segundo pelo interesse da mesma em procurar saber mais sobre o assunto.

Em minha opinião, a adolescência por si só já é uma das fases mais difíceis na vida de uma pessoa; afinal é uma fase de transição da infância para a fase adulta, no qual ocorre o desenvolvimento biológico e social.

Além disso, a depressão na adolescência nem sempre foi reconhecida como uma doença, pois acreditavam que tanto a criança quanto o adolescente não tinham motivo para terem esse problema. Hoje, esse pensamento já mudou, mas observa-se uma grande dificuldade em diagnosticar, visto que alguns sintomas se confundem com as características ocorridas durante o desenvolvimento do adolescente. A partir daí, farei uma apresentação sobre o transtorno depressivo e ao final, destacarei as diferenças no transtorno depressivo na adolescência.

A depressão, conhecida como a doença do século, tem sido um tema abordado desde a antiguidade. Acreditava-se que o temperamento do ser humano era observado através da teoria dos humores, desenvolvida por médicos gregos no qual de acordo com os fluidos corporais, era possível perceber que humor a pessoa tinha. No caso da depressão, acreditava-se que o excesso de bile negra era o causador da doença. Essa teoria serviu para que ocorresse a substituição do olhar da mitologia para a biologia, abrindo espaço para o trabalho clínico.

Até hoje, percebo o uso da palavra depressão no senso comum, ainda muito utilizada para nomear momentos de tristeza. É importante saber diferenciar, pois a tristeza é um sentimento adaptativo que ocorre quando não estamos bem e no caso da depressão, não importando o que desencadeou, o humor será sempre o mesmo.

Para caracterizar o estado depressivo, não basta estar triste. É necessário apresentar sintomas psíquicos, fisiológicos e comportamentais.

- Sintomas psíquicos: sentimento de tristeza, autodesvalorização, sentimento de culpa. Ideação suicida, ausência de sentimento de prazer, ausência de energia, dificuldade em tomar decisões e em se concentrar.

- Sintomas fisiológicos: alteração no sono (insônia ou sonolência durante o dia), alteração do apetite (comer em excesso ou não sentir fome), redução do interesse sexual.

- Sintomas comportamentais: retraimento social, crise de choro, comportamentos suicidas, lentidão ou agitação psicomotora.

Além de conhecer os sintomas característicos da doença, é importante diferenciar o transtorno depressivo unipolar do bipolar. O unipolar pode ser dividido em transtorno depressivo maior (TDM), que pode ocorrer em um único episódio ou ser recorrente e apresenta sintomas de dor e cansaço; tendo pelo menos quatro sintomas e no mínimo duas semanas de duração. O transtorno distímico apresenta uma menor intensidade, e um estado de humor depressivo presente durante boa parte do dia, quase todos os dias, por no mínimo dois anos. As queixas são de cansaço, desânimo insatisfação e, apesar de menor intensidade, pode ser igualmente grave devido aos prejuízos que a pessoa apresenta em sua vida.

Na adolescência, os sintomas são mais ou menos os mesmos, mas além dos que foram citados, observa-se irritabilidade exagerada, isolamento e maior sensibilidade às críticas. É importante ficar atento, pois esses sintomas ao passarem despercebidos podem acabar ocasionando outros distúrbios, entre eles distúrbios alimentares, abuso de álcool e drogas, problemas na escola, baixa auto estima, comportamento de risco, violência, suicídio, automutilação e uma busca maior pela internet.

Uma das perguntas que os jovens fizeram e que me chamou a atenção foi a seguinte: “O que os pais e professores podem fazer a respeito?” Penso que tanto a família quanto a escola podem acolher esse jovem e tratá-lo com mais afeto e compreensão, mas acima de tudo, não deixar de procurar ajuda profissional, pois em alguns casos, é necessário até o uso de medicação e por melhor que seja a intenção que os familiares e a escola tenham, eles não estão preparados para atuar terapêuticamente.


domingo, 8 de agosto de 2010

A importância das relações - Parte II

Há muito tempo eu queria levantar esse assunto aqui no blog, mas a impressão que eu tinha é que por mais que pensasse em algo, nunca parecia ser o suficiente a ser dito. Era como se sempre faltasse algo; com isso, desisti de encontrar o tom perfeito que eu pensava existir de forma que resolvi deixar as ideias fluírem. Afinal, em minha opinião, este tema é um dos temas principais, pois é a partir das relações que temos a percepção do outro e que nos mostramos ao mundo e nos reconhecemos.

Quando olhamos o outro, frequentemente estamos prontos para elogiar ou criticar e não percebemos o que ele diz sobre nós mesmos. Ou percebemos? E, se percebemos, o que será que mexe tanto conosco que acabamos aceitando os convites que esse outro nos faz? O que nos incomoda em sua atitude? Estamos tão acostumados com nossos referenciais internos que acabamos sempre reproduzindo a mesma forma de agir, e dependendo do tipo de crença existente, esses referenciais podem ser disfuncionais. Os rótulos e comparações acabam fazendo parte de nossa vida e isso dificulta o olhar para nós mesmos, e reconhecermos a preciosidade que existe em cada um de nós é o caminho para uma vida saudável.

É comum jogarmos a responsabilidade para outra pessoa, esperando que mude sua forma de ser e de agir, mas uma relação não é feita por uma única pessoa; é necessário que haja pelo menos duas pessoas para que algo aconteça. Somos seres relacionais, precisamos do outro para viver. E se esse descontentamento está em nós, vale ressaltar a importância de percebemos o que tanto nos incomoda e trazer para uma reflexão interna, pois quando mudamos, todo o sistema muda.

Além disso, vivemos num mundo totalmente individualista, no qual as pessoas vivem ansiosas, cheias de medos e em constante busca pela felicidade. Para que aconteça alguma mudança, é necessário que percebamos a vida de uma forma diferente, valorizando o interno e não o externo, pois nos apegamos à ilusão criada por nossa mente, e quando não aceitamos o outro, de certa forma também não nos aceitamos.

Sigamos em busca de relações mais saudáveis; e se o outro não muda o que acha de começarmos a mudança por nós mesmos?

A importância das relações - Parte I


Como o tema relações estará presente essa semana aqui no blog, esse quadrinho que recebi de uma amiga vem bem a calhar. Ele nos possibilita refletir sobre as formas de relações que mantemos com o outro. Vamos trabalhar em prol de melhores relações!
Precisamos escutar mais, dialogar mais e agir mais positivamente.